Religiosidade em Itarantim: Comunidade de Matriz Africana celebra Cosme e Damião/Ibeji com caruru e atraem várias crianças
Na noite desta quinta-feira (12), Itarantim celebrou uma linda festa em homenagem aos Santos Gêmeos, conhecidos na Igreja Católica como São Cosme e Damião. Embora a celebração oficial ocorra sempre no dia 26 de setembro, pela igreja católica, as religiões de matriz africana costumam celebrá-la um dia depois, no dia 27.
A festividade desta quinta-feira ocorreu de forma espontânea e atraiu uma diversidade de pessoas: adeptos da religião, fiéis e, especialmente, crianças que compareceram para manter a tradição da distribuição de doces. De acordo com informações dos organizadores, foi uma festa cultural, repleta de rezas e pedidos de proteção para nossas crianças, já que setembro é o mês dedicado a elas e a São Cosme e Damião/Ibeji.
Os organizadores informaram que, embora a festa geralmente seja celebrada no dia 27, a antecipação para esta quinta-feira foi decidida devido à agenda de outras cidades que também realizarão suas celebrações.
A comemoração foi um momento de alegria contagiante, com danças, fartura de doces e crianças ao redor de uma mesa linda que foi montada. O tradicional caruru foi servido, oferecendo iguarias típicas aos participantes.
*História:*
No candomblé, Cosme e Damião são associados aos orixás gêmeos Ibeji, que, segundo a tradição, são filhos de Xangô e Iansã. A celebração ocorre no dia 27 de setembro, com a distribuição de doces como forma de agradar as divindades.
Por serem vistos como protetores das crianças, a celebração de Cosme e Damião nas religiões de matriz africana se relaciona intimamente ao ato de dar doces às crianças.
No Brasil, a devoção a São Cosme e Damião foi trazida pelos portugueses em meados do século XVI. Com o tempo, essa devoção passou por um fenômeno de sincretismo religioso e começou a ser associada ao culto da umbanda e do candomblé.
O impacto do sincretismo religioso entre o cristianismo e as religiões africanas é notável. Os africanos trazidos à força como escravos para o Brasil e seus descendentes passaram a associar seus orixás a santos cristãos como forma de preservar suas crenças e tradições. No caso de São Cosme e São Damião, foi feita uma associação com os gêmeos Ibejis, orixás infantis.
Para o catolicismo, não há ligação entre os irmãos e as crianças ou a distribuição de doces. Essa prática surgiu da associação feita pelos escravos entre Cosme e Damião e os orixás da umbanda e do candomblé. A tradição de dar doces está diretamente relacionada aos dois orixás infantis que foram associados a Cosme e Damião.