Religião: Bispo da ala conservadora da CNBB e membro da Opus Dei pode assumir Arquidiocese de Conquista
O bispo Dom Gilson Andrade da Silva (no meio da foto), bispo da cidade de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, que já foi bispo auxiliar da Arquidiocese de São Salvador na Bahia, pode ser o próximo bispo a assumir a Arquidiocese de Vitória da Conquista.
Uma peculiaridade sobre Dom Gilson: ele faz parte de uma ala conservadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e, segundo informações apuradas pela nossa redação, ele também é membro da ultraconservadora Opus Dei (Obra de Deus), uma instituição ligada à Igreja Católica que, até certo tempo, influenciava seus fiéis adeptos a usarem cilícios como forma de auto-punição para purificação dos pecados. O uso desse objeto foi motivo de debate na igreja por muito tempo, chegando inclusive a casos extremos de mutilação de alguns seguidores que chegaram fazer denúncias.
O trabalho apostólico da Opus Dei no Brasil teve início nos anos 50 e foi amplamente questionado por leigos, padres e bispos por ser um movimento ultraconservador extremista que incentivava seus seguidores à autoflagelação.
Nossa redação conversou com alguns professores teólogos (padres e pastores) que informaram que a maioria dos padres e bispos ligados à Opus Dei têm uma abordagem oposta à pregada pelo Papa Francisco que prioriza uma igreja mais acolhedora, preocupada com questões sociais e ambientais pelo mundo.
As críticas à Opus Dei incluem alegações de secretismo, métodos controversos de recrutamento, rigidez excessiva nas regras para os membros, elitismo, misoginia e apoio a governos autoritários. Em 2021, 43 mulheres da Argentina, Paraguai e Bolívia denunciaram a Opus Dei ao Vaticano por tráfico de pessoas, exploração e servidão. Elas relataram jornadas de trabalho extenuantes como empregadas domésticas da organização, isolamento em residências e rotinas de oração e penitência que envolviam banhos frios e autoflagelação.
O site tentou contatar alguns padres da Arquidiocese que preferiram não comentar o assunto, mas afirmaram que resta aguardar a escolha do novo bispo, outros padres do vicariato São João contactado pela nossa reportagem, disseram que seja um bispo que caminhe junto com o povo acolhendo suas necessidades. Além disso, alguns leigos que integram coordenações pastorais da Arquidiocese destacaram que a igreja local é popular e simples, expressando preocupação com a possível chegada de um bispo com visão elitista, o que poderia descaracterizar sua essência plural e compromisso com os ensinamentos do Papa Francisco.
A possível nomeação de Dom Gilson para a Arquidiocese ainda é apenas especulação, mas pode se tornar realidade devido aos incentivos de alguns bispos influentes na CNBB que recentemente passaram pela Arquidiocese e que percorre nos corredores da CNBB tendo um certo tipo de influência nas indicações.