O presidente da Câmara de Vereadores de Itarantim, Dudu dos Tutas (PSD), deixará a base do governo de Fábio Gusmão. O anúncio foi feito pelo vereador através de uma carta aberta e um vídeo que foram divulgados em suas redes sociais nesta terça-feira, 22 de julho. Mas o vereador já havia anunciado, para nossa redação entrando em contato, nesta segunda-feira, 21 de julho.

Dudu caminhou com Fábio Gusmão nas eleições de 2016, quando foi derrotado naquela eleição, em 2020, saindo vitorioso, e em 2024, quando o prefeito foi reeleito.

A relação do vereador com o prefeito era bem conflituosa; Fábio Gusmão sempre deixou claro que não tem interesse em dialogar com vereadores. Com Dudu, o prefeito já protagonizou algumas situações mostrando falta de cortesia. Um dos episódios mais conhecidos nesse contexto de conflito foi em um evento esportivo na região rural da Água Vermelha, quando o prefeito não aceitou que o vereador subisse ao palco que foi montado para a entrega dos prêmios.

O site conversou com o vereador, que afirmou deixar o governo de forma tranquila, sem nenhum conflito. Segundo ele, é apenas uma decisão visando voos mais longos na política. No entanto, algumas informações indicam que um conflito recente foi causado pela interferência do governo em eventos de saúde do vereador, que são realizados no município e atendem pessoas com algumas necessidades; o governo teria realizado também um evento com os mesmos atendimentos.

A saída de Dudu da base do prefeito pode acarretar um colapso político na administração do prefeito. Primeiro, por conta da sua ocupação como presidente da Câmara, podendo influenciar alguns vereadores da casa que possivelmente também deixarão a base do prefeito. Em segundo lugar, o vereador é um grande articulador e debatedor e pode agora elevar o tom usando discursos críticos à gestão de Fábio, munido de informações que podem desequilibrar o governo do prefeito, que, convenhamos, não anda muito bem.

Por último, e não menos importante, acredita-se que Dudu começará um diálogo mais próximo com grupos de oposição. No momento, o vereador é o único com possibilidades reais de reunir a oposição e tomar a dianteira devido à sua evidência política que pode atrair forças das lideranças que virão somar. Ele afirmou à nossa reportagem que irá sentar à mesa e conversar com todos para um planejamento que fortaleça uma linha de ação política agregadora.

O grande desafio do vereador agora será nas eleições de 2026 para deputado, onde poderá confrontar o governo Gusmão. Essa eleição será um prenúncio para as eleições municipais de 2028. Isso dependerá da capacidade do vereador de unir os grupos de oposição para formar um bloco capaz de enfrentar a base governista do prefeito, que muitos acreditam estar perdendo musculatura.

Esse será um dos grandes desafios do vereador, considerando o histórico político recente de grupos que se dividiram e fragilizaram a oposição por mera vaidade. Muita água ainda rolará sob as pontes e parece claro que o vereador tomou essa decisão sem receios. Vale ressaltar que ele possui laços familiares significativos com o governo Gusmão; alguns parentes ocupam cargos na Prefeitura e poderão sofrer retaliações. Essa situação poderá ser ainda mais complicada para o governo se agir retaliatoriamente.

A conjuntura da Câmara muda agora neste segundo semestre e promete acender o cenário político local. Serão lá os primeiros debates em relação a essa decisão do vereador e ele se sente à vontade para discutir esses assuntos; se decidir “colocar fogo no parquinho”, certamente a situação irá incendiar.