CONVITE AO PENSAR: DEVOLVAM A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR…
Existe um princípio bíblico-teológico muito conhecido que diz: “Devolve pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. A primeira parte deste princípio mostra, numa interpretação livre, que devolver ao poder político o que lhe pertence não transforma ninguém em conformista ou cego para os excessos do poder político constituído. Pelo contrário, mostra que têm coisas que são tão evidentes de “pertencerem a César” que não devolvê-lo seria cair na armadilha criada e se tornar, de certa forma, injusto e parcial.
Contudo, esse exercício diário (de devolver a César o que é de César) não é nada fácil de fazer na política partidária porque aprendemos que temos lado político, e a depender do lado em que estamos só nos resta ser uma coisa ou outra e nunca as duas. Ou seja, se estamos na oposição só nos cabe criticar e atacar. Se estamos na situação só nos resta elogiar e defender, mesmo quando soa falso e fora de propósito.
O que alguns ainda não perceberam é que estamos num momento da nossa história em que os grandes líderes políticos já não existem mais e se algum ainda existe já não tem a força de antes, tornando assim impossível dividir ou tentar dividir a política da cidade em dois blocos. Nesse novo modelo político, fruto também da sociedade líquida que fala Zygmunt Bauman, o indivíduo está sempre em movimentação. Ele se desloca mais facilmente e pode elogiar e criticar simultaneamente sem perder a sua identidade política. Pode estar em vários lugares ao mesmo tempo e sem “pertencer” a este ou aquele líder político, como aconteceu no passado.
O resultado da última eleição consolidou ainda mais esse novo modelo, ou seja, as forças políticas nos apresentam cada vez mais fragmentadas. Não existe uma liderança política hegemônica, mas várias lideranças sem hegemonia política. No novo cenário as lideranças políticas desaparecem com a mesma rapidez com que surgem, sem deixar “bons frutos ou herdeiros”. Basta, para tanto, analisar os dois últimos governos que tivemos. E se o atual não fizer diferente seguirá o mesmo caminho, infelizmente.
Portanto, não nos tornamos conformistas ou cegos quando “devolvemos a César o que é de César”. Alguns vereadores expressaram bem essa ideia quando da Tribuna da Câmara e na presença do prefeito Fábio Gusmão, disseram: “elogiar o governo quando for de elogiar, e criticar quando for de criticar”. Essa é uma parte do desafio que nos apresenta no novo cenário político. A outra parte do desafio que nos impõem, é ter a capacidade de elogiar e criticar as ações do governo simultaneamente e na medida certa, nem mais e nem menos”.
“CRITICAR SEM ELOGIAR É O MESMO QUE DERRUBAR SEM RECONSTRUIR”.

Por Zé Alves: *Bacharel Licenciado em Filosofia pela PUC-Minas; Filosofia da Educação pelo ISTA; Cursou dois anos de Teologia e cursos de especialização no campo da Terapia Cognitiva Comportamental.
Perdemos líderes políticos importante da nossa cidade e estamos na esperança de novos líderes capazes de conduzir Itarantim neste novo momento.